Sinais de Atenção para o setor supermercadista
O percentual de perdas de 2,36% do varejo supermercadista brasileiro mostra que para manter ou ampliar seus lucros as empresas ainda atravessam muitos sinais amarelos
Por Roberto Carlessi.
A Abras apresentou durante o Supermeeting Perdas e Lucratividade, realizado em São Paulo no dia 20 de agosto, a 9ª Pesquisa de Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro. Para falar sobre Perdas em Supermercados, o gestor técnico e de relações com associações estaduais da Abras, Aguinaldo Gomes Marques, analisou a pesquisa feita no ano passado pela Abras em parceria com o GPP/Provar-FIA, Felisoni & Associados e Nielsen.
A pesquisa mostrou que o percentual de perdas chegou a 2,36% do faturamento de R$ 158,5 bilhões do varejo de autosserviço. Isso significa dizer que R$ 3,75 bilhões deixaram de ser distribuídos na última linha do balanço das empresas do setor e se perderam numa série de situações de risco que mostram deficiências operacionais e falhas de controle em toda a cadeia de abastecimento, desde o produtor/fabricante até chegar ao consumidor final.
As principais causas dessas perdas continuam sendo as quebras operacionais (46%), seguidas pelos furtos externos e internos (35,5%).Quando as perdas e quebras são analisadas por seções, o setor de perecíveis das lojas brasileiras (açougue, frios e laticínios, FLV, padaria e outros) encabeça a lista, respondendo por 54,4% das perdas no autosserviço. No comparativo com a pesquisa anterior, porém, apresentou redução de tímidos 0,04% do índice de perda, de 4,48 para 4,44.
A pesquisa tomou por base 28 empresas de todas as regiões do País, que representaram 1,193 mil lojas, 174,293 mil colaboradores; área de vendas de 3,417 milhões de metros quadrados, 25 mil check-outs e 67 Centros de Distribuição. O faturamento dessas empresas é equivalente a 46,8% do faturamento bruto das empresas que integram o Ranking Abras 2009.
Do universo das empresas pesquisadas, 25% não têm área de prevenção de perdas. Nesse quesito, houve substancial aumento das que passaram a controlar mais as perdas e analisar as causas que as provocam.
Essa questão passou a ser tratada com mais foco por empresas de pequeno porte, que, pelos volumes que comercializam, tendem a ser mais penalizadas quando aumenta o descompasso entre lucros e perdas.
Sobre as formas de pagamento, processos de controle e segurança ajudaram a mapear as perdas num nível de realidade bem mais próximo do setor.
Identificação
O gerente da Abras, Aguinaldo Marques, explicou que o aumento nos percentuais de perdas deste estudo se deve ao maior número de empresas que passaram a adotar medidas de controle mais eficazes, o que fez suas falhas aparecerem e, naturalmente, elevarem os percentuais do indicador.
No ano passado, os indicadores de perdas apresentaram alterações muito significativas, comparados com os da pesquisa anterior.
Identificar a causa ou causas das perdas é o primeiro passo para reduzir prejuízos e criar rotinas para melhorar a lucratividade das lojas. Nesta pesquisa, porém, 46,1% das perdas foram identificadas e 53,9% não foram identificadas. Na pesquisa anterior, o percentual de perdas identificadas foi maior: 47,5%.
Somente no setor de perecíveis, onde está o mais elevado percentual de perdas dos supermercados, 54%, a pesquisa mostrou que desse total 28,6% foram identificadas e 25,8%, não foram identificadas.
No setor de não-perecíveis, responsável por 46% do total de perdas, 17,4% foram identificadas e 28,2%, não identificadas.
Prevenção
A considerar que a concorrência no varejo está cada vez mais acirrada e as margens cada vez menores, a maioria das empresas do setor passou a investir mais em prevenção de perdas. No ano passado, 81% delas declararam estar investindo em prevenção, 17% disseram que mantiveram seus investimentos estáveis e 1% não investiu nessa área.
Para prevenir perdas, as empresas se valem de investimentos não só em equipamentos de segurança, mas também, e principalmente, em treinamento de mão-de-obra.
Controles de processos (%)
Os principais controles de processos são feitos nas seguintes áreas:
- Transferências 91,50
- Mudança de preço 91,30
- Controle de anulados/cancelados 91,30
- Controle de recebimentos 91,30
- Auditoria pós-operação 87,20
- Check-out nos equipamentos da loja 87,00
- Quebras e furtos (internos e externos) continuam sendo as maiores causas de perdas no varejo
- O aumento do índice de perdas no varejo (IPV) para 2,36%
- Redução do índice de perecíveis para 4,44%
- Perdas financeiras representam 0,083% do faturamento das empresas e as fraudes com cheques, 0,042%
- Os perecíveis são responsáveis por 54,4% das perdas totais
- O percentual de perdas não identificadas subiu de 52% para 54%
- Prevenção de perdas recebeu investimentos de 80,4% das empresas entrevistadas
- Do total de empresas pesquisadas, 25,5% não têm área de prevenção de perdas
- Pessoal corresponde a mais de 79% dos orçamentos em Prevenção de Perdas, e equipamentos, 7%
- CFTV é o equipamento mais utilizado pela área de prevenção de perdas das empresas
- Os produtos PAR (de alto risco) são tratados de forma diferenciada por 90,2% das empresas
Como os Produtos de Alto Risco (PAR) são alvo fácil de furtos nas lojas, as principais ações adotadas pelas empresas que integraram a pesquisa são:
- Conferência 90,50
- Áreas de confinamento 88,90
- Exposição controlada 88,90
- Inventários frequentes 81,80
Os programas de treinamento das empresas têm as seguintes prioridades:
- Treinamento 83,30
- Recrutamento e seleção 77,10
- Software 53,50
- Remuneração variável 52,20
- Comunicação em prevenção de perdas 51,50
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