Prevenção de Perdas no Varejo Brasileiro e Latino Americano

O objetivo deste espaço é trazer informação e opinião sobre o desenvolvimento da Prevenção de Perdas no Varejo Brasileiro e Latino Americano.

segunda-feira, 24 de março de 2014

2014: Fazer mais com menos

em 01/01/2014

Feliz 2014!

2014 começa de forma curiosa: de um lado, as expectativas para um ano de Copa do Mundo e eleições e, de outro, a inflação no limite do controle, as taxas de juros subindo e algumas manifestações sociais retomando algumas ruas e, particularmente, shopping centers. Havíamos ficado com uma forte impressão de que estávamos no rumo certo: o Brasil iria finalmente decolar, a Copa do Mundo e as Olímpiadas iriam deixar um legado que impulsionaria ainda mais o País para a frente. Já no ano passado esta impressão começou a ser afetada pelas manifestações e pela deterioração das condições econômicas que culminaram na alta da inflação, dos juros e na reação da mídia internacional, que já não vê o Brasil com os mesmos olhos. Será que continuaremos a ser o país do futuro ou ainda poderemos nos tornar o país do presente?

A resposta para essa pergunta é incerta. O que é certo é que, como empresários, precisamos estar preparados para lidar com esses cenários em constante mutação. Por mais que as empresas desejem administrar essas situações, muitas variáveis estão fora de seu controle e, por isso, a prudência determina, cada vez mais, buscar eficiência e produtividade em suas operações, ou seja, fazer mais com menos. Vamos tentar, ao longo das colunas deste ano, debater e apresentar aspectos, temas e questões relacionadas ao tema.

No último mês de novembro, a TESCO atualizou um relatório que começou a publicar em maio de 2013, denominado “TESCO e a Sociedade: utilizando nosso tamanho para o bem” (disponível em inglês em: <http://tinyurl.com/nnafhko>). Apenas para lembrar, a TESCO é a segunda maior varejista do mundo, com faturamento, em 2012, superior a US$ 101 bilhões, operando mais de 6.700 lojas em 12 países e contando com mais de 530 mil funcionários que atendem cerca de 75 milhões de clientes por semana.

Voltando ao relatório, os números publicados pela TESCO são impressionantes: apenas no primeiro semestre de 2013, cerca de 30 toneladas de alimentos foram descartadas nas operações da empresa, CDs e lojas. Apesar de impressionante, este volume é pequeno se comparado ao total de produtos descartados no Reino Unido, que é de 14,8 milhões de toneladas. A empresa resolveu analisar 25 produtos diferentes e as constatações são assustadoras: de todas as verduras embaladas, 68% nunca são consumidas, 20% das bananas, 24% das uvas, 40% das maçãs, 47% dos produtos produzidos na padaria têm o mesmo destino, ou seja, o lixo!

Enquanto isso, estima-se que 1 bilhão de seres humanos passem fome no mundo. Definitivamente, não são números compatíveis com a necessidade de uma sociedade mais justa, mais consciente e sustentável. Mais do que simplesmente apontar o resultado, o relatório aponta possíveis causas e indica alguns caminhos
.
Uma constatação inicial é de que o grosso do descarte não ocorre por conta das operações no varejo, e sim na produção ou pré-produção e na casa dos consumidores. O curioso é que é o próprio varejo que contribui com os desperdícios nos produtores e consumidores. Nos produtores, ao exigirem um determinado calibre, tamanho e aparência, descartando produtos que estão adequados para consumo, mas que não atendem a padrões estéticos, muitas vezes apenas de exposição. No caso dos consumidores, o varejista influencia por meio da promoção e, muitas vezes, pelo mau acondicionamento do produto.  Saindo do discurso para a ação, a TESCO decidiu tomar algumas medidas:
  • deixar de comercializar embalagens múltiplas e família de verduras, diminuindo o volume comprado pelo consumidor e contribuindo para a redução do desperdício nos lares dos consumidores;
  • diminuir o linear da padaria;
  • investir em sistemas que permitam otimizar os pedidos de compra e produção;
  • investir em sistemas de embalagem;
  • revisar os padrões mínimos de qualidade para contribuir com a eliminação do descarte por aparência e qualidade na produção;
  • investir em informação para os consumidores a respeito da aparência os produtos e para o consumo em quantidades adequadas;
  • revisar os processos de promoção de modo a promover ofertas conscientes que minimizem o risco de compra em volumes desnecessários, que poderão redundar em produtos desperdiçados.
Todas essas medidas podem ser sintetizadas na discussão e busca de soluções para aprimorar a cadeia de abastecimento do varejo em todas as suas etapas. Isso implica mensurar, investir em processos, tecnologia, educação, mas, sobretudo, repensar o papel do varejo na sociedade de hoje. Ainda que a ênfase tenha sido dada aos produtos perecíveis, raciocínio semelhante pode ser aplicado aos demais produtos.

O exemplo da TESCO é interessante, e é oportuno fazermos um paralelo com a situação no Brasil. Em artigo publicado na edição de janeiro de 2014 na Revista Mundo Logística, intitulado: “A necessidade de uma abordagem ampla e integrada para a Prevenção de Perdas no varejo”, curiosamente, sobre este mesmo estudo, o consultor Eduardo Santos, além de reforçar e detalhar as medidas anteriormente comentadas, aponta que, no Brasil, “nos hiper e supermercados brasileiros, mais de 80% das perdas de inventário dizem respeito a alimentos (aproximadamente 50% em frutas e vegetais e 30% em mercearia”.

Sugerimos que você tente responder às seguintes questões:
  1. As informações dos registros de controle de estoques são necessárias?
  2. A acuracidade dos inventários é adequada?
  3. Tratamos perdas e desperdícios com uma abordagem além da segurança patrimonial (roubo, furto, fraude)?
  4. Conseguimos identificar, diferenciar e medir as perdas de forma adequada?
  5. Temos alguma definição clara para distinguir perda e desperdício?
  6. Temos um sistema mínimo de medição que possibilite identificar de forma clara e precisa desperdícios e perdas?
  7. Temos um processo de identificação das causas de desperdícios e perdas?
  8. Temos um acompanhamento constante da evolução dos indicadores de perdas e desperdícios que possibilite analisar sua evolução e tomar ações corretivas?
  9. Estamos investindo nas discussões com os distribuidores, atacadistas e fornecedores para melhorar a eficiência geral da cadeia de abastecimento?
  10. Estamos trabalhando a noção da oferta adequada ao cliente, não apenas no que diz respeito à adequação do produto e preço, mas também à compra do volume adequado?
  11. Estamos trabalhando junto aos consumidores para educá-los para o consumo?
Se você respondeu não a qualquer uma das perguntas acima, principalmente às oito primeiras, existem oportunidades a serem exploradas para resolver um problema relevante, aprimorar resultados, fazendo e produzindo mais com menos. Esta é uma iniciativa com enorme potencial de aumento de competitividade que só depende da própria empresa, não estando vinculada à concorrência. Os resultados e o planeta agradecem.


Caso tenha sugestões de temas a serem discutidos ou comentários, por favor utilize o e-mail varejo2020@gmail.com para darmos continuidade ao diálogo aqui iniciado.

Por Silvio Laban
http://supervarejo.com.br/secoes/colunistas/varejo-2020/2014-fazer-mais-com-menos/

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